POEMA DE NATAL
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados.
Para chorar e fazer chorar.
Para enterrar os nossos mortos
—Por isso temos braços longos para os adeuses.
Mãos para colher o que foi dado.
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer.
Uma estrela a se apagar na treva.
Um caminho entre dois túmulos
—Por isso precisamos velar.
Falar baixo, pisar leve, ver a noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço.
Um verso, talvez de amor.
Uma prece por quem se vai
—Mas que essa hora não esqueça.
E por ela os nossos corações.
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre.
Para a participação da poesia.
Para ver a face da morte
—De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem;
da morte, apenas..
Nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes
domingo, 7 de dezembro de 2008
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
ausencia
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
(C. Drummond de Andrade)
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
(C. Drummond de Andrade)
segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Acordo de noite subitamente,
E o meu relógio ocupa a noite toda.
Não sinto a Natureza lá fora.
O meu quarto é uma coisa escura com paredes vagamente
[brancas.
Lá fora há um sossego como se nada existisse.
Só o relógio prossegue o seu ruído.
E esta pequena cousa de engrenagens que está em cima da
[minha mesa
Abafa toda a existência da terra e do céu...
Quase que me perco a pensar o que isto significa,
Mas estaco, e sinto-me sorrir na noite com os cantos da boca,
Porque a única cousa que o meu relógio simboliza ou significa
Enchendo com a sua pequenez a noite enorme
É a curiosa sensação de encher a noite enorme
Com a sua pequenez...
E o meu relógio ocupa a noite toda.
Não sinto a Natureza lá fora.
O meu quarto é uma coisa escura com paredes vagamente
[brancas.
Lá fora há um sossego como se nada existisse.
Só o relógio prossegue o seu ruído.
E esta pequena cousa de engrenagens que está em cima da
[minha mesa
Abafa toda a existência da terra e do céu...
Quase que me perco a pensar o que isto significa,
Mas estaco, e sinto-me sorrir na noite com os cantos da boca,
Porque a única cousa que o meu relógio simboliza ou significa
Enchendo com a sua pequenez a noite enorme
É a curiosa sensação de encher a noite enorme
Com a sua pequenez...
Alberto Caeiro
domingo, 28 de setembro de 2008
as mãos pressentem...

As mãos pressentem a leveza rubra do lume
repetem gestos semelhantes a corolas de flores
voos de pássaro ferido no marulho da alba
ou ficam assim azuis
queimadas pela secular idade desta luz
encalhada como um barco nos confins do olhar
ergues de novo as cansadas e sábias mãos
tocas o vazio de muitos dias sem desejo e
o amargor húmido das noites e tanta ignorância
tanto ouro sonhado sobre a pele tanta treva
quase nada
Al Berto
repetem gestos semelhantes a corolas de flores
voos de pássaro ferido no marulho da alba
ou ficam assim azuis
queimadas pela secular idade desta luz
encalhada como um barco nos confins do olhar
ergues de novo as cansadas e sábias mãos
tocas o vazio de muitos dias sem desejo e
o amargor húmido das noites e tanta ignorância
tanto ouro sonhado sobre a pele tanta treva
quase nada
Al Berto
domingo, 21 de setembro de 2008
Olhando o mar, sonho sem ter de quê

Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?
Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.
As árvores longínquas da floresta
Parecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!
Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.
Se tive amores? Já não sei se os tive.
Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.
Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o haver?
Fernando Pessoa
P.S. Huguinho querido, é para ti... sei que gostavas deste!
a mãe adora-te!
domingo, 14 de setembro de 2008
Para sempre...

Para Sempre
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro, puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve
e passa sem deixar vestígio.
Mãe,
na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre junto de seu filho
e ele,
velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
sábado, 6 de setembro de 2008
Já ando a tramar... alguma!!!
sexta-feira, 23 de maio de 2008
sexta-feira, 11 de abril de 2008
encontrei esta frase por aí...
terça-feira, 8 de abril de 2008
interludio...
terça-feira, 25 de março de 2008
espada

enfiadas nos meus cabelos ...
faço com eles uma trança
mas não consigo prende-los...
Tenho sete punhais apontados
à estrada dos meus pesadelos,
embrulho-os em sonhos de sangue
mas não consigo esconde-los...
mas há tambem uma espada
suspensa
que sobre a minha cabeça balança...
e a lamina
dança...dança... dança...
terça-feira, 11 de março de 2008
Hata_mae
recortada no tempo,
pintada de cicatrizes
olhos enrrugados de lágrimas...
Aquela mulher,
organiza por cores,
a tarefa de sobreviver
todos os dias...
H A T O
Hugo Afonso Tavares de Oliveira
http://anatomiadeumlouco.blogspot.com/
Agosto 2004 o principio do fim... em casa dos pais dela... Agosto de 2005 já não estava entre nós...
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mas voces pensavam que me calavam... familia de ranhosos?_ nada nem ninguem o conseguirá fazer... uma pessoa tem que ser de ferro, para esperar por justiça no nosso país............ mas eu aguento...agora passa para o outro blogue (que já está aberto a toda a gente que o quiser ler... comentários, para o email sff, assim ninguem se expõe, só eu os leio e poupo trabalho ao anónimos.
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
monstro, louca ....

Se o teu olhar de doida
e boca torta,
se o cabelo de cores
mudando
encrespado
e baço,
o teu andar cambaleando
de madraço
de um riso alvar
de nada-morta...
se tudo isso desandasse
como uma
porta...
e pudesses entrar no teu espaço...
tu mesmo
chorarias
o erro crasso
do mal que fizeste,
e agora nada
te conforta...
Se a tua estupidez abrisse essa porta
da sensatez... que te é muito estreita...
talvez o teu espaço se abrisse
e não vivesses apenas da malvadez que te enfeita!
P.S._ estás a mudar...feia, mentirosa, horrorosa,
nem a maquilhagem disfarça, a crueldade, que ostentas, traços que herdaste
da vaca parideira tua mãe ( foi a tribunal testemunhar e nem o nome do meu filho sabia...) anedotas...
no tribunal sim, foi um circo de gente aberrativa, que só fizeram rir os juízes... e eu a sofrer....
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
bendito sofrimento...
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Vai-te, Poesia!
Deixa-me ver a vida exacta
e intolerável neste planeta
feito de carne humana
a chorar
onde um anjo
me arrasta todas as noites
para casa pelos cabelos
com bandeiras de lume nos olhos,
para fabricar sonhos
carregados de dinamite de lágrimas.
Vai-te, Poesia!
Não quero cantar.
Quero gritar!
José Gomes Ferreira (aqui)
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
arrependimento...
...porque não te matei...
arrependo-me
...do que não te roubei...
arrependo-me
...dos olhos que não te arranquei...
arrependo-me
...da grande sova que não te dei...
arrependo-me
...da bala que não disparei...
arrependo-me
...da garganta que não cortei...
arrependo-me
...do fogo que sobre ti, não ateei...
arrependo-me
...desse mar, onde não te afundei...
e sobretudo arrependo-me
...de todo o mal que ainda não te fiz...
- mas farei -
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
menina que tão bem dança...

entre véus que rasgam céus ...
quem pretendes enganar?
ficava-te bem uma trança
quando na terra te fores deitar ...
Que esperas? - que a vida
te salve da morte?
Enquanto esperas a hora,
o dia, alguém, quando
vais? ou quando vens?
É tua a hora tambem ...
Na rua, no palco dançando...
Tu morres a mal ou a bem...
Não te enganes ...
todos morremos ...
a mim não me assusta a morte...
a ti diverte-te ...
só te comove a fama e a graça
graça que já não tens ...
Tu não és de cá ...
tentas fazer pouco da Vida ...
Mas não vês ... que só aqui estás
a fazer a despedida ???
P.S. _doce amiga LI Xung
sábado, 19 de janeiro de 2008
asquerosa...duma figa!

És rosca sem parafuso ....
Com o passo todo incerto
és baba que fia no fuso ...
Morte em campo aberto !
Brasa que não arde ...
Fogo que não ateia
porque é teia ...
Peluda em vez de pele ..
Seu boião cheio de fel !
Almofada desenfronhada
de fronha toda babada ...
Almofada desenfronhada
de fronha toda babada ...
asquerosa ,
ranhosa,
mentirosa ...
ranhosa,
mentirosa ...
pirosa
"chalada"
Peça mal acabada !!!
"chalada"
Peça mal acabada !!!
...
P.S. vou dar uma volta xauuuu! :P:P:P:P
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
a tua presença

...que a tua presença me guarde
da loucura de esquecer-te
teus olhos por toda a parte
vendo-me me façam ver-te...
Tuas mãos sem me tocarem
amparem o meu andar
e o sorriso dos teus olhos
brilhe sempre em meu olhar...
e sejas tu quem me sorria
no meu sorrir hesitante
como a luz do meio dia
secreta no ar brilhante...
pho
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
inferno ...

vi-te o inferno nos olhos
não acreditei,
ignorei
vi-te com o inferno nos olhos
nada pude fazer.
Senti-te crepitar
o inferno que tinhas
nos olhos.
Vi-te enlouquecer
vi-te o inferno nos olhos
vi que incendiaste a todos
ninguém foi poupado
ao teu diabólico Inferno.
Vi-te caminhar sobre o fogo
sem que este consumisse
o inferno que te vi nos olhos.
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